quarta-feira, 14 de março de 2012

Investimentos - Parte 4b - Tipos de Investimentos: Previdência Privada

Hoje o post é dedicado a famosa Previdência Privada, cuja principal propaganda é a de ser uma complementação da aposentadoria ou uma poupança para o filho receber quando "completar a maior idade".

Uma das principais dúvidas de quem está propenso a aderir a um plano de previdência privada é chegar a um consenso consigo mesmo de quanto dinheiro mensal será necessário para ter uma aposentadoria tranquila. Os estudos mostram que o valor considerado ideal varie de 60 a 70% do rendimento atual, para uma pessoa que se aposente a partir dos 60 anos. Esses estudos levam em conta que com o passar dos anos, despesas como de prestação da casa própria e estudo dos filhos, por exemplo, diminuem ou deixam de existir, sendo que um valor menor do que o atual seja suficiente para manter o mesmo padrão de vida, porém atente para um detalhe, normalmente as pessoas fazem esse cálculo no início da aplicação e com o passar dos anos deixam de atualizá-lo. Assim, uma pessoa que ganhe R$2.000,00, quando começou a aplicação, depois de cinco ou dez anos pode ter um rendimento melhor, R$5.000,00 por exemplo. Para essa pessoa seria interessante fazer uma revisão da aplicação para não se decepcionar na hora do resgate, já que o seu padrão de vida, em teoria, “mudou para melhor”.

Vamos aos tipos de previdência PGBL e VGBL:

PGBL

O Plano Gerador de Benefício Livre, PGBL, é mais vantajoso para aqueles que fazem a declaração do imposto de renda pelo formulário completo. É uma aplicação em que incide risco, já que não há garantia de rentabilidade, que inclusive pode ser negativa. Ainda assim, em caso de ganho, ele é repassado integralmente ao participante. O resgate pode ser feito no prazo de 60 dias de duas formas: de uma única vez, ou transformado em parcelas mensais. Também pode ser abatido até 12% da renda bruta anual do Imposto de Renda e tem taxa de carregamento (mais detalhada a frente).

VGBL

O Vida Gerador de Benefício Livre, VGBL, é aconselhável para aqueles que não têm renda tributável, já que não é dedutível do Imposto de Renda, ainda que seja necessário o pagamento de IR sobre o ganho de capital. Nesse tipo de produto, também não existe uma garantia de rentabilidade mínima, ainda que todo o rendimento seja repassado ao integrante. O primeiro resgate pode ser feito em prazo que varia de dois meses a dois anos. A partir do segundo ano, também pode ser feita a cada dois meses. Possui taxa de carregamento.

Rendimento

Basicamente a previdência privada aplica seu dinheiro em fundos de investimento de acordo com a tolerância ao risco:

  • Fundo Conservador: 100% do valor é aplicado em renda fixa;
  • Fundo Moderado: Até 20% do valor pode ser aplicado em renda variável;
  • Fundo Agressivo: Até 49% do valor pode ser aplicado em renda variável.

Como o risco é proporcional a rentabilidade, aqueles que escolhem o fundo moderado ou agressivo tem chances de ganhos maiores, porém também tem chances de perder dinheiro caso o mercado de renda variável não esteja bem. Se você for optar pela previdência procure o gerente do seu banco ou o responsável em sua corretora para saber quais estão sendo os rendimentos de cada fundo ao longo dos últimos anos e assim fazer o seu plano.

Custos

É importante analisar os custos que os planos de aposentadoria cobram do participante. São as chamadas taxas de carregamento, taxas de administração e a incidência do imposto de renda. 

A taxa de carregamento é cobrada em cima do valor aplicado mensalmente e tem valor médio de 3% a 5%. Por exemplo, se a taxa for de 3%, para cada R$100,00 aplicados, somente R$97,00 ficarão à sua disposição para acúmulo no fundo. Algumas corretoras não cobram taxa de carregamento.

Já a taxa de administração é cobrada anualmente sobre o valor total da aplicação e varia de 1,5 a 2%. Se ao final do exercício, você tiver R$10.000,00 acumulados, esse valor é reduzido a R$9.800,00 se a taxa for de 2%. No caso de 1,5% a soma seria de R$ 9.850,00.
 
A tributação do imposto de renda é definida no momento em que a previdência é feita. Desde 2005 há dois regimes de tributação conforme a tabela regressiva e progressiva abaixo.


A escolha entre a tabela progressiva e regressiva é um dos pontos que merece muita atenção pois é irretratável, uma vez escolhida não há como mudar de opção.  

A tabela regressiva é mais aconselhada para o longo prazo pois quanto mais tempo você deixar o dinheiro investido no plano, menos imposto você vai pagar de alíquota. Digamos que você tenha contribuído durante 30 anos (desde 1981 até 2011) com R$100,00 e esteja hoje encerrando o plano. Sobre as contribuições dos últimos 2 anos (2009 a 2011) incidirá uma alíquota de 35%. Sobre as que estiverem entre os últimos 2 e 4 anos (2007 a 2009), de 30%. A alíquota de 10% incidiria sobre as contribuições dos primeiros 20 anos em que você esteve no plano (1981 a 2001). Além disso, a tributação é na fonte/definitiva, ou seja, não há como recuperar. A tabela progressiva segue as mesmas alíquotas já aplicadas aos salários. Os percentuais variam de zero (isento) a 27,5%, dependendo do valor resgatado.

A principal distinção entre o PGBL e o VGBL está justamente na tributação do Imposto de Renda. No PGBL, você pode deduzir o valor das contribuições da sua base de cálculo do Imposto de Renda, com limite de 12% da sua renda bruta anual. Assim, poderá reduzir o valor do imposto a pagar ou aumentar sua restituição de IR. Vamos supor que um contribuinte tenha um rendimento bruto anual de R$ 100 mil. Com o PGBL, ele poderá declarar ao Leão R$ 88 mil. O IR sobre os R$ 12 mil restantes, aplicados em PGBL, só será pago no resgate desse dinheiro. Mas atenção, esse benefício fiscal só é vantajoso para aqueles que fazem a declaração do Imposto de Renda pelo formulário completo e são tributados na fonte. Para quem faz declaração simplicada ou não é tributado na fonte, como autônomos, o VGBL é ideal. Ele é indicado também para quem deseja diversificar seus investimentos ou para quem deseja aplicar mais de 12% de sua renda bruta em previdência. Isto porque em um VGBL a tributação acontece apenas sobre o lucro.

Se compararmos os custos de um plano de previdência com os de um fundo de investimento comum, podemos pensar, inicialmente, que trata-se de uma aplicação mais cara. Mas lembre-se, ao fazer um PGBL ou um VGBL, você está comprando um investimento que traz um ingrediente importante: praticidade. Planos de previdência são indicados para quem não dispõem de tempo suficiente para administrar seu patrimônio ou simplesmente não tem interesse em fazer isso.

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